Para o que eu vou contar
Peço um pouco de atenção
Muito tenho pra falar
No meu peito, o coração
Hoje quer desabafar.
2- Fico triste quando olho
Pra cidade em que estou
Não posso dizer que a amo
Nem que sou o seu amor
É que a gente luta tanto
E não sai de onde parou.
3- Essa terra de que falo
Ainda tem o que aprender,
Pra não deixar a cultura
Aos poucos desaparecer,
Nem os sonhos dos seus filhos
Adormecer até morrer.
4- Essa terra é muito rica
De cultura, sim senhor.
De artistas, de histórias
De sonhos e de louvor.
Mas a evolução do povo
Não existe. Onde ficou?
5- Cadê os poetas da terra?
Os cantores, os artistas?
Artesãos e dançarinos?
Compositores, cronistas?
Os sonhos desses meninos
Já se perderam de vista?
6- Sabemos que aqui existe
Muita gente inteligente,
Com futuro, mas perdidos
Guardam os sonhos descontentes.
E só fora de Alhandra
São tratados como gente.
7- Cadê os projetos e as leis
Para a cultura popular?
Um livro publicado
Uma música a tocar.
Onde está o incentivo
Dos que governam o lugar?
8- Alhandra minha querida
Queria tanto te amar
Mas eu, como tantos outros,
Tenho que me contentar
Ser artista em teu solo
É privar-se de sonhar.
9- Adianta eu compor
Cantar e fazer poesias?
Criar peças teatrais
Pintar quadros, crochetar?
Pois se não me reconhecem
Como vou concretizar?
10- É triste ver a história
De Edjane Fortunato
Poetisa de talento
Que, descrente de sua terra,
Sentia-se na cidade
Como alguém num orfanato.
11- Triste com a falta de apoio
Pra seu sonho realizar,
Edjane Fortunato
Para o Rio quis voar,
Almejando sua arte
Ser reconhecida por lá.
12- Que futuro terá os jovens
Desta nova geração?
Os da minha se perderam
Descrentes da realização.
Se não há incentivo a arte
Não acreditam em si, não.
13- Cadê os grupos de dança,
Os festivos culturais?
Concurso de poesias
Exposições artesanais?
Alhandra é tão pequena
Que não pode fazer tais?
14- Cadê o incentivo a cultura?
Arte é intelecto da nação
Sem a arte reina as drogas
E a falta de projeção.
Com as drogas, à violência
E a falta de cidadãos.
15- Quando teremos na TV
Uma notícia cultural?
Que foi lançado um livro
Do autor “fulano de tal”?
Pois matérias indigestas
Em Alhandra é bem normal.
16- Eu só quero respirar
E mostrar a minha arte
Não deixar morrer no ninho
Minha essência, meu contraste.
Tenho asas pra voar
E do mundo, faço parte.
17- Sou pedaços da cultura
O que sei Deus que me deu.
Não pedi pra ser artista
Foi um presente de Deus.
Sei que vou realizar
Todos os sonhos meus.
18- Meus amigos e irmãos,
Companheiros de arte e sonhos
Não percam as esperanças,
O destino é medonho.
Façam como uma criança
E se apeguem aos seus sonhos.
19- Se Alhandra ignora
A cultura do lugar,
Cabe a nós buscar recursos
E mostrar o que é que há.
Se esperarmos os políticos
Nada iremos realizar.
20- Que um dia os governantes
Possam sentir a arte.
Notem seu valor histórico
E a sua pluralidade.
Pois cidade sem cultura
É povo sem identidade.
21- Arte é magia real
Fundamento da essência,
É pulmão de uma cidade
Vida de um povo que pensa.
Nasce em qualquer lugar
Se notada, fica extensa.
22- Mas me diga, por favor!
Em Alhandra, eu pergunto,
Quantos artistas se tem?
Eu lhe digo que são muitos.
Talentosos sem apoio,
Padecendo em seu mundo.
23- Estudar é o caminho
Para o artista da terra.
Plantar flores, pisar espinhos
E não ficar à espera.
Mostrar-se em outras cidades
Almejando as primaveras.
24- Viajar em outro mundo,
Pois ler é descobrimento.
Praticar a sua arte
Aprimorando seu talento.
Se Alhandra te despreza
O mundo te mostra o vento.
25- É por isso que eu digo:
Tudo depende de nós
Se lutarmos com afinco
Nunca estaremos sós
Fé em Deus e pés no chão,
Buscando nossos lençóis.
26- Minha arte eu vou mostrar
Se Alhandra quiser ver.
Se não quiser eu me mostro
Para Alhandra perceber
Que a cultura e os artistas
O povo vai conhecer.
27- Cidade sem cultura
Não cresce nem evolui
Não marca seu tempo na história,
Para o mundo não contribui
É como natureza morta:
São cascalhos, não reluz.
28- Espero que os governantes
Possam pensar com carinho,
Que artista sem apoio
É passarinho sem ninho
E cidade sem cultura
É uma taça sem vinho.
29- Que possam reconhecer
Os artistas existentes
Que almejam uma chance
E que são gente da gente,
Denotando sua arte
Para um povo descontente.
30- Esse povo que é sofrido
E batalha pelo pão,
Já cansado do silêncio,
Na arte da desilusão.
Pois um povo sem cultura
Não terá história, não.
31- E as escolas o que fazem
Para então colaborar?
Dos artistas da cidade
Deveriam comentar,
Despertando o interesse
Pela arte do lugar.
32- Sou artista e sonhador
Sou inteiro, sou pedaços.
Luto pelo que acredito,
Minha arte é meu compasso.
Estou vivo, sou cultura,
Este foi meu desabafo.
"Desabafo de Um Poeta." Cordel de Farbhen Arievyh. Foi escrito no ano de 2011
E-mail:quemtentafaz@hotmail.com
@Farbhen
Para adquirir seu exemplar impresso entre em contato:
Farbhen Arievyh Criações Artísticas
Rua Estrada do Eucalipto,s/n
Novalhandra-Alhandra-Paraíba
CEP:58320-000
Celular: 083 81534350
Se você gostou e quiser colaborar com os trabalhos desse artista, deposite qualquer quantia na conta-poupança 8031-4, Agencia 1262-9, Banco do Brasil. Ficaremos muito gratos pelo seu apoio a cultura e arte.
Todos os direitos autorais reservados. Proíbida a reprodução total ou parcial sem a devida autorização do autor por escrito.
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